quinta-feira, 30 de novembro de 2006

Surpresas da Vida

E novembro foi passando, passando... coisas aconteceram, coisas externas e internas, mas aconteceram e foram determinantes para um novo "norte" na minha vida.

Dezembro também veio e passou, particularmente neste mês, cuidei de assimilar tão relevantes e impressionantes mudanças pessoais, decorrentes de um fato novo, porém com reflexos de um passado... que hoje posso afirmar que de fato sou "joguete do destino", graças a Deus.

Mas ao contrário da frase "Shakesperiana" que manifesta dentro do drama não só um conformismo, mas também uma certa desilusão e impotência, a cada dia sinto maior segurança em considerar o Destino como algo realmente tendencioso à evolução e melhora da vida humana.

Fato é que no desenrolar destes meses, em novembro particularmente, um fator meramente físico (que foi o fato de ter ficado sem condução... tive que mandar arrumar o motor da moto) veio a contribuir significativamente para uma intropescção e solidão realmente necessárias e que nos últimos meses não vinha experimentando. Este isolamento fez com que pudesse considerar com maior propriedade qual energia realmente estava me motivando - e a energia não era só minha, era muito mais alheia às minhas reais intenções e meus melhores desejos Existenciais. Em suma, sentia uma motivação mais mundana do que Divina.

Posso afirmar que antes disto acontecer, estava "conscientemente" pagando para ver, por uma situação que sabia ser necessário investigar a fundo, embora soubesse de alguma forma ser demasiadamente transitória. E a Providência deu seu jeito de me dar o basta necessário.

Tais mudanças de comportamento me ajudaram a resgatar uma sobriedade maior, embora o preço para tanto fosse experimentar novamente uma solidão, que por mais temporária que seja, sempre traz fortes lições de auto-busca e te faz pensar na finalidade das coisas, da vida, enfim... nos faz mergulhar dentro de nós mesmos, e nem sempre é fácil se perceber tão nítido.

Mas o grande barato de se acreditar no futuro de forma otimista, e até mesmo realista (já que a transitoriedade da vida só ocorre em razão de uma evolução ascendente, quer pareça, quer não) é que facilmente se pode alterar o rumo da própria vida, porém com mais propriedade de ação.

Vou tentar explicar melhor com os fatos ocorridos:

Perto do dia 16 de novembro do ano passado, recebi um email de uma pessoa pela qual sempre nutri uma espécie de amor incondicional e um bem-querer desvinculado de qualquer coisa em troca, como nunca dantes experimentado nesta vida. Neste email ela comentou o delicado estado de saúde de sua mãe e algumas novidades, já que fazia cerca de 10 anos que não conversávamos de verdade.

Atente-se que nesta época, eu já estava bem incomodado com um envolvimento sentimental e amoroso, cujo "bum" sempre demandava de algo, talvez de algo que nunca fosse existir...

Porém, sem qualquer forte convencimento, senti que estava na hora de dar alguns bastas no meu modo de vida, principalmente no âmbito sentimental. Aquele simples contato virtual me deu um "clique" e no mesmo dia "rompi" um morno relacionamento... sentindo-me muito bem com isto.

Novamente encontrava-me no estado de solidão que muito já estive, porém mais cônscio de que algo tinha mudado de fato dentro de mim, a experiência desértica deste período em que fiquei sem condução, fez florescer após alguns ajustes mentais uma satisfação comigo mesmo e uma sensação louca de começar a praticar toda a Sabedoria experimentada em livros e mais livros, como que para usufruir realmente da experiência humana/Divina. Afinal, porque não?

Bem, com esta disposição e liberdade da alma, vim a me encontrar com esta pessoa no dia 18/11/06. Sentei-me no café e fiquei a aguardar, até que ela apareceu, juntamente com sua filhinha, e naquele exato momento pude compreender como num "flash" o porque das minhas últimas ações e daquela ansiosa, porém tranquila espera pelo o que o Destino me tinha preservado.

Na contemplação daquele Ser tão amado e querido, concretizou-se a prova da bem-aventurança, e de que o amor, quando incondicional e verdadeiro (livre de qualquer regramento social ou mental), é o verdadeiro alimento pessoal a permitir uma vida livre dos angustiantes sentimentos do Ego, ame-se por amar.

A amor sem nada em troca, se promove e se recompensa no instante imediato de sua percepção, não depende de fatos externos - só de cada um de nós.

E foi assim, que me deslumbrei novamente com a Vida e suas surpresas, mergulhando novamente neste vasto oceano de um relacionamento, porém com mais compaixão, compreensão e bem menos carência ou anseios.

Confesso que até o presente momento, fiquei meio relapso, tanto na escrita quanto na leitura... foi um período de se provar certos aprendizados e de treinamento prático da mente - que diga-se de passagem, benéficos.

Mas voltei, talvez com a mesma receita filosófica de outrora, porém com paladar mais apurado para saborear este banquete da Vida, pois insaciável que sou, somam-se novos ingredientes a cada novo amanhecer.

Agradecimentos especiais a esta pessoa, pois no momento do seu olhar, fez valer na prática da Vida o amor que corria morimbundo e solitário, mas que através do seu reflexo, revigorou-se na plenitude de sua incondicionalidade.

Salve.

Evandro, 12/01/2007.

quinta-feira, 19 de outubro de 2006

Lembrança Amorosa

Salve minha avozinha querida,

cuja lembrança serena
com cheirinho de pamonha
e achados do impossível,
foi a prova viva
de garra, força e
Amor inverossímel.

E aqui no peito
onde o mundo se guarda,
para sempre ficará escrito
o nome de minha avó amada,
a saudosa Dona Guaraciaba...

(Evandro, 09/10/06)

quinta-feira, 28 de setembro de 2006

Ao Deus Desconhecido

Por vezes, quando os fatos começam a ser interpretados e sentidos de forma que venha a nos causar alguma espécie de incômodo ou dor, acredito - como já reiteradamente comentado - que seria o momento de se buscar em si a correta sapiência e interpretação destes próprios fatos, de modo a Se entender, considerando a grandeza do Infinito, a regularidade das coisas e validarmos com maior propriedade nossa experiência de Vida.

Mas algumas "dores", de tão latentes, acabam por obscurecer a ótica do auto-conhecimento, especialmente por se conduzirem, exatamente nos mais desalinhados trilhos de nossa formação psicológica, espiritual e filosófica.

E de acordo com nosso estado "defeituoso" (ou nossa sintonia) e envolvimento com a questão que tanto sufoca, batemo-nos novamente na consideração não mais daquele fato em si, causador da dor, mas da nossa própria postura diante da vida, pois o sofrimento sentido é mormente entendido como a reação de alguma ação equivocada de nossa parte e tudo então precisaria ser revisto.

Sabe aquela ótica do "será que todo este mundo está certo e eu é que estou louco?" Então, acaba por ser muito evidente quando sentimos realmente uma dor existencial diante daquela realidade que criamos para nós mesmos. É como se tivéssemos errado na receita.

Mas como o paladar não absorve com a mesma consideração e relevância toda a gama de nutrientes que o corpo necessita, também a alma viciada deixa de compreender aquele alimento que embora amargo, nutri nossa essência, nosso mais profundo Ser.

Mas e se a "dor" for demasiada potente e avança a todo vapor, empriguinando-se na alma ao ponto de nos perdermos daquele Ser inabalável que nos compõem???

Neste aspecto interessante considerar a normótica visão e papel da religião no mundo, pois em certos momentos e a forma que se interage e se compreende no contexto do Universo, realmente nos desligamos da origem - não efetivamente, é claro - pois o filho que se afasta do Pai não deixa de carregar sua genética (seja física ou espiritual/energética), mas nos perdemos na nossa confusão e dor, criando um abismo entre os dois mundos (humano/Divino).

Então temos que nos re-ligar, ou seja, usar da religião íntima e convincente ao Ser que nos compõem, para restabeler o pedido de socorro às forças Superiores, para que seja desobstruido o entendimento Destas mesmas forças em nós.

Muito interessante é a visão "Nietzchiziana" da validade da religião como compreensão e caminho para a libertação dos espíritos, que, em apertada síntese, considera a relevância em se buscar na formação da espécie humana, as respostas dos reflexos hoje experimentados. E nesse contexto toda a religiosidade, como mola motriz dos mais elevados sentimentos humanos e até mesmo interventora do "modus operandi" de toda uma sociedade, aparece como o maestro oficial a conduzir a alma. E nos acostumamos com isto.

Por isto, acredito que em certos momentos, mesmo que já tenhamos nos desprendidos da Cartilha basilar e opressora ainda imposta e seguida pela sociedade, ou seja, mesmo compreendendo que depende unicamente de nós a condução do futuro mais próximo, é que o sentimento da busca, do socorro e tranquila espera que a religião encerra faz falta... Não por seu conteúdo e mérito, mas por sua tradição e reflexo disto em nossa formação, pela postura protetora (embora imatura) que nos colocamos ao rogar ao Além.

Portanto meus caros, quando não mais se alcança as bordas da Sabedoria Divina, e nos vemos diante de abismosa realidade humana... oremos:

"Antes de prosseguir em meu caminho e lançar o meu olhar para a frente uma vez mais, elevo, só, minhas mãos a Ti na direção de quem eu fujo.

A Ti, das profundezas de meu coração, tenho dedicado altares festivos para que, em cada momento, Tua voz me pudesse chamar.

Sobre esses altares estão gravadas em fogo estas palavras:

"Ao Deus Desconhecido"

Seu, sou eu, embora até o presente momento tenha me associado aos sacrilégios.
Seu, sou eu, não obstante os laços que me puxam para o abismo.
Mesmo querendo fugir, sinto-me forçado a serví-Lo.
Eu quero Te conhecer, desconhecido.
Tu, que me penetras a alma e, qual turbilhão, invades a minha vida.
Tu, o incompreensível, mas meu semelhante, quero Te conhecer, quero servir só a Ti.""
(Friedrich Nietzche)

segunda-feira, 25 de setembro de 2006

Mensagens do Silêncio

"24 de setembro de 2006.


Um domingo, que começou às 12:30 h. Um dia nublado e incomunicável com meus melhores sentimentos - frise-se - sentimentos.

A sobriedade de conduta correta e conciliadora pela razão exclusiva de se buscar entender o próximo, hoje não tem eco.

Estou novamente só.

E como é maravilhoso sentir-se assim, o laço investigativo sempre é reiteradamente lançado ao se executar a sentença do espírito em busca de si mesmo. E tudo que chega é automaticamente questionado, analisado e racionalizado, de acordo com minhas sensações diante dos fatos. Cansa muito.

Hoje não, estou de trégua, deixar-me quieto com minha mente, para que eu tente aproximar das respostas buscadas e muitas vezes nebulosas pela constante somatória de energias estranhas, inacabadas, conturbadas e egocêntricas das pessoas que me cercaram.

Acho que na verdade o carma alheio e toda a falta de solução das basilares do bom viver, de acordo com a intensidade e forma que me envolvo, sufocam a percepcção da razão, perde-se a nitidez da voz do Ser e facilmente posso mergulhar na frustrante água da maré do auto-engano coletivo e pessoal.

E movido por uma certa compaixão, submeto minhas próprias confusões ao segundo plano da análise e elas se perdem, inacabadas e sem solução.

Assim, fico diante de iminente curto-circuito... até que a própria natureza desperte em mim, o último suspiro vital e necessário d'alma, que venha a guarnecer as forças Racionais, buscand daí uma melhor expectativa e norteado o rumo para o Verdadeiro bem.

Esta noite tive sonhos que reforçam tal estado que me transformo e de forma bastante convincente, ao ponto de não me reconhecer em mim diante daquela suicida tendência e compreensível (até certo ponto) necessidade humana de beber de fontes tortuosas a água que alimenta o Ser.

O mais interessante, é que este "socorro" do além, este bálsamo libertador das garras do mundano, feita de fragmentos da melhor Consciência Divina, sempre se renova em doses cada vez mais abastadas, fazendo com que este excesso tenha que se transpassado. E para isto, para digestão saudável desta carga, digamos, de "energia mental" é que acontece a maravilhosa troca de sensações e energias humanas (em todos os níveis). Assim, a energia se dissipa.... e novamente incorpora-se novas energias alheias, para o começo de outro ciclo do processo Universal de auto-conhecimento, união, paz e transcendência, quem sabe um dia, a nível mundial.

segunda-feira, 18 de setembro de 2006

Por quem me tomas...

Me assusta esta gigantesca facilidade e tendência humana em julgar, mesmo em prejuízo próprio, um único fato isolado, como a Verdade das verdades.

Desde ontem a noite, quando me surpreendi com uma situação familiar de questionamentos sobre minha conduta, aliás, questionamentos não, pois ninguém veio me perguntar o porque disto ou daquilo, simplesmente foi manifestada uma superficialidade de sentimento equivocado por sua própria base, ainda mais considerando a pessoa envolvida.

Mas ao contrário do que se poderia esperar, afinal o Evandro é tão filósofo e por vezes céptico... claro que uma pontada de "será que eles têm razão?" sempre fica... e isto é salutar e maravilhoso, desde que seja na medida cuidadosa e exata para não mergulharmos de cabeça na psicose alheia, perdendo-se a linha Racional e objetiva do Ser e daí entrar novamente no rebanho humano.

E com estas considerações, vendo-se no contexto e fora dele, bebendo da mesma água da vida, mas de fontes distintas, é que as melhores soluções aparecem. Inclusive, reconhecendo-se a razão do próximo, filtrando mágoas, orgulho e a vaidade do Ego, que no primeiro afasta uma melhor análise, pois este (o ego) quer se manifestar egoisticamente no domínio da situação, desconsiderando e condenando qualquer argumento que o abale, por mais racional e inteligente que seja.

Importante considerar que o auto-engano (coletivo ou individual) é assim como imã poderoso, que consegue puxar em nós, toda a segurança da normalidade esperada, e de tal forma que somente a forte e sincera reflexão e busca se mostram eficientes, tal como um antídoto, que dissipa o sentimento superficial sentido, conservando porém gravada a origem do que se eliminou.

Mas enfim, filosofia à parte, fato é que senti mágoa e dor, refleti, digeri e somente tenho a agradecer tamanha oportunidade que hoje sinto em tomar em cada atitude humana uma grande lição de vida e encontro de mim mesmo. Pois como diriam os Essênios, todos são seu mestre.

Finalizando, vale a pena deixar a resposta da Natureza que veio logo pela manhã quando abri meu email e tinha esta pérola que abaixo segue:

"COMO ME TORNEI LOUCO

Perguntais-me como me tornei louco.

Aconteceu assim:

um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido, despertei de um sono profundo e notei todas as minhas máscaras tinham sido roubadas - as sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas - e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente, gritando:

"Ladrões, ladrões, malditos ladrões!"

Homens e mulheres riram de mim e alguns correram para casa, com medo de mim. E quando cheguei à praça do mercado, um garoto trepado no telhado de uma casa gritou:

- "É um louco!"

Olhei para cima para vê-lo.

O sol beijou pela primeira vez minha face nua. Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua, e minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei mais minhas máscaras. E, como num transe, gritei:

"Benditos, benditos os ladrões que roubaram minhas máscaras!"

Assim me tornei louco. E encontrei tanto liberdade como segurança em minha loucura: e a segurança de não ser compreendido, pois aquele desigual que nos compreende escraviza alguma coisa em nós."

Autor: Gibran Khalil Gibran

segunda-feira, 21 de agosto de 2006

Me esquecer de mim...

Oh destino que tão mansamente se desdobra em minha face, que quietude tão gritante me assusta a alma viciada?

Será a transgressão do paupável, estimulante para o regresso do vazio? O regresso à passiva intregração com o que sobra, o Imutável, completo e assim... tão simples???

Até a própria visão funesta do incerto, dos riscos, decaem desta forma se dissolvendo no espaço do infinito?

Talvez toda solicitude da vida, realmente seja o caminho da complementação do que se foi? A ponte que nos liga a nós mesmos?

Seria a benevolência humana o completo desvendar do conteúdo único que nos compõem?

Me esquecer de mim... reconhecendo o sentimento falível com pretenções de libertação, utilizando-o, ou melhor, vivenciando-o com a consciência de sua mutabilidade, inconstância e superficialidade, considerando seus motivos e sua oportunidade.

quinta-feira, 10 de agosto de 2006

"Humano, demasiado humano"

Outro dia, conversando calorosamente com uma amiga sobre a reiterada questão de se praticar filosofia no dia-a-dia, como único meio libertador para uma vida harmônica e fulcrada nas reais essências da espécie humana, uma questão me chamou muito a atenção.

Num momento da conversa ela me perguntou como vivenciar uma filosofia libertatória como a do Budismo, num mundo tão capitalista e material, onde se "correr o bixo pega se ficar o bixo come". Foi mais ou menos assim: "então devemos largar mão de tudo, jogar pro alto e viver a vida?"

Racionalizando a questão, concluí, posteriormente, que se largarmos tudo para viver na concepção transcendental, estaríamos enveredando numa única margem do caminho, pois enquanto encarnados, outra corrente natural e forte nos tangencia para a margem oposta, criando o equilíbrio necessário para melhor compreendermos do nosso papel no mundo como ele é, para que o transformemos. Afinal... "Ide e pregai".

Na verdade, tenho concluído (como se isto fosse possível e saudável, concluir) que a filosofia somente contribui para a busca da Sabedoria, crescimento e difusão, se pareadas com as demais "energias" mundanas, como contra-senso a ser estirpado pelo animal-racional.

Na minha parca concepção, quanto mais me certifico da transitoriedade deste mundo fenomênico (ou material, ou ilusório...) mais me interesso em investigar as nuances dos porquês de tanto "desequilíbrio" e "sofrimento", bem como de tantas "alegrias" e "felicidades", se tudo partiu de uma única energiar vital/Divina, que na verdade permanecerá assim, independentemente até mesmo da nossa própria "vida".

Bem, para não correr o risco de ser mais prolixo ainda, vou encerrando este ensaio, cujo título, aliás, é plágio do livro de Nietzsche, transcrevendo uma pequena amostra deste gênio filosófico, que em muito transmite o modo como venho sentindo a vida:

"No curso de uma formação superior tudo se torna interessante para o hmem, ele sabe ver rapidamente o lado instrutivo de uma coisa e indicar o ponto em que, utilizando-a, pode completar uma lacuna de seu pensamento ou confirmar uma idéia. Assim é afastado cada vez mais o tédio, e também a excessiva sensibilidade emocional. Por fim ele anda entre os homens como um naturalista entre as plantas, e percebe a si mesmo como um fenômeno que estimula fortemente o seu impulso de conhecer".

segunda-feira, 10 de julho de 2006

"Meu final-de-semana..."



Não se assustem, sei que parece início de redação do primeiro grau, mas na verdade é só uma tentativa de mostrar minha experiência na prática de elementos filosóficos que, uma vez extraídos das páginas dos livros, somente vêm aflorar definitivamente na vida prática - e se assim não fosse... qual seria sua finalidade?

É engraçado e não sei se acontece esta tendência com a maioria das pessoas, mas dependendo do conhecimento, inclusive os mais elevados, me sinto como um expectador de algo pouco tangível, porém sabido que verdadeiro e lógico.

Daí comecei a questionar até que ponto o conhecimento de si mesmo pode ser praticado em toda sua extenção e requisitos, haja vista que na maioria das ações humanas já nos deparamos com toda uma "gama" de "verdades" sociais e culturais previamente definidas e incultidas no âmago no nosso ser, não importanto sua constante superficialidade, somos muito sensíveis aos sentimentos do dia-a-dia, indignação, raiva, ódio - sem racionalizarmos sobre isto, porque tem que ser assim.

Bom ressaltar que estou focando uma outra questão inerente à filosofia, distinta daquela objeto do texto anterior, onde na verdade chamo a atenção para a possibilidade comum de, uma vez controlada a mente, agirmos ou sentirmos com a melhor profundeza, fruto do alcance de nós mesmos, safando-se assim da sutil invasão de energias menos elevadas e conturbadoras do nosso próprio equilíbrio.

Mas quando compreendemos e assimilamos todo o contexto íntimo, passamos a querer praticar a filosofia, não de forma intríseca, mas com maior propriedade, nos relacionando com o mundo, com possibilidades de transformá-lo.

É uma ambição saudável, buscar no próximo a validação da "verdade" pessoal, como meio, inclusive, de se promover novas reformar íntimas e adaptar o mundano/social com nossa verdadeira natureza humana/Divina.

E de quantas coisas na verdade nos libertamos...

Neste final-de-semana, fiquei com meu filhinho, o Vinicius, que está com 2 anos e 7 meses. E olhando para ele brincando com seus Batmans, Robins e Power Ranger (azul, diga-se de passagem - é o preferido dele) comecei a relembrar a explanação contida no livro "O Profeta" do fenomenal Khalil Gibran, que sintetiza de forma Divina a melhor compreensão do papel dos pais na formação filosófica dos filhos. E isto é salutar.

A grosso modo, embora sempre tenha nutrido uma certa repulsa pelas tão palpáveis distorções de valores na nossa sociedade, naquele momento de contemplação e admiração pelo milagre que é um bebê e toda a gama de possibilidades de se impigir nossas equivocadas verdades, comecei a pensar no que ele realmente precisaria para ter uma iniciação filosófica calcada na natureza das coisas... e entendi, eu é quem tenho que aprender com ele.

Muito natural para mim, atualmente, pois ele não está maculado, ele, embora não tenha a verbalização inerente da interpretação do mundo que está a investigar, ao mesmo tempo é possível ver em seu sorriso, nos olhos e no próprio fato de sua própria existência, a prova do Amor incondicional, através da simplicidade e força com que tal energia, ainda pura e sem vícios se manifesta ao observador atento.

Pois embora meu filho "não conheça nada" sente e vivencia em si, exatamente, o mais autêntico equilíbrio entre o humano e o Divino, pois ainda não teve (ao menos de forma definitiva) uma implicância de valores mais próprios do humano-bixo, com seus medos, sentimentos conturbados e mente intranqüila.

É mais ou menos assim... ele quer por exemplo comer, não se preocupa com quem vai dar, se tem dinheiro, se é saudável, se vai sobrar para a janta... enfim, a natureza do bebê é ser alimentado e cuidado pelos pais - e nós fazemos isto, não fazemos??? Cuidamos, limpamos, acolhemos, etc.

Fugindo da parte material da existência, também é da natureza do homem, a confiança, o equilíbrio, a paz e a simplicidade dos prazeres, pois uma vez satisfeitas as necessidades básicas - e só elas - o resto do tempo é para que?! para brincar de viver. Meu filho não precisa do último brinquedo lançado pelo Mc Donald's, só porque é do filminho da moda para ser feliz (da mesma forma que o banco de couro do carro zero como elementar para a verdadeira felicidade é um grande equívoco).

O Vinicius, assim como todos nós, não precisa de nada além do que a manutenção deste Divino Amor Incondicional, pois sua força atua diretamente no coração do homem (e não na mente que é falível), alimentando a alma e corpo com a harmonia própria da confiança que se faz sentir, uma confiança natural e válida para todos nós, como a do meu filho em mim... que quando está com fome, simplesmente olha para mim e fala: "Papai, vamo papá?"

segunda-feira, 3 de julho de 2006

Uma melhor análise da primeira análise

Os seres humanos deveriam ter um sistema de alerta toda vez que fossem vítimas da própria torpeza de conhecimento, de modo a se evitar o arbitrário envolvimento sentimental com os fatos que circundam sua vida.

Tal alerta seria altamente importante, pois antes de agir naquele afã sentimental e consequente sofrimento, teríamos uma Consciência (com "C" maiúsculo mesmo) mais efetiva, fosse para dar a relevância merecida para tal fato, fosse para poder relegar e dispensar tão somente a necessária energia para digestão daquilo que, embora amargo, pode ser a cura da alma.

Se eu fosse citar os diálogos que tenho, com variados "tipos" de pessoas, onde verifico que em se aplicando simples "porquês" a vida tornar-se-ia tão mais leve e satisfatória... ficariam impressionados, aliás, da mesma forma que tais pessoas, que após a devida insistência, acabam gaguejando ao buscar uma resposta que nunca pensaram em dar, ou talvez que existisse, fruto de um simples "porquê?"

Numa louca e pessimista interpretação das "verdades" da moderna sociedade humana, poderíamos dizer que já nascemos com os pensamentos e sentimentos prontos, ou você se considera anormal ao sofrer com a perda do título da Copa do Mundo?

Voltando ao "x" da questão, acredito que aquilo que deveria ser óbvio à primeira vista, sempre perde seu tempo de análise, justamente pela motivação normótica do pensamento, que uma vez acionado por energias de baixa vibração, como as provenientes do ciúmes, inveja, medo - frutos naturais da própria história e evolução da espécie (pois o auto-engano chega a ser genético) inicialmente já temos um norte totalmente equivocado para a melhor solução do impasse, afastando o "envolvido" do segundo porém mais precioso momento de investigação, que seria a reflexão e meditação acerca da situação, de forma racional e desvinculada do nosso exacerbado Ego.

Na maioria das vezes, após profunda e sábia análise dos motivos, atos e conseqüências que estão sendo dispostos, percebe-se que as Verdades são bem mais palpáveis e apaziguadoras da alma, quanto mais "sérias" as situações de vida envolvidas.

Numa utopia verdadeiramente realista (e esta contradição linguística será possível um dia...), não por um milagre de Deus, mas SE NÓS FIZERMOS PARA TANTO, em breve estaremos a aplicar a melhor Sabedoria/Racionalidade em todo o agir humano, pois somente indo além da nossa parca "sabedoria", que além de parca é porca e egoística a partir do momento que analisamos tudo sob o ponto de vista do nosso próprio umbigo e trovejadas de sentimentos carmáticos, é que começaremos a ligar os "nós da grende rede" unindo-nos sem qualquer ganância, ambição, luxúria e demais equívocos próprios da superficial satisfação do Ego.

E para finalizar, convidando todos a praticarem tão interessante investigação pessoal antes de se "decidir" (
como se isto fosse possível) pela vivência de "sentimentos" esperados e "naturais", sejam de tristeza ou alegria, deixo o link de interessante texto acerca do bendito Tédio, como exemplificação de que um sentimento do qual tanto fugimos, pode ser na verdade um grande "farol" a orientar a redenção daquilo que é demasiadamente humano, porém pouco Divino - nossos conturbados sentimentos.

E para aqueles mais "preguiçosos", transcrevo abaixo apenas uma das pequenas pérolas do melhor raciocínio humano extraídas do link abaixo... que por certo já será suficiente para demonstrar como uma pequena mudança de ângulo da primeira visão, pode transformar o evitável em desejável:

"Não há nada mais insuportável para o homem do que estar completamente ocioso, sem paixões, ocupações, diversões ou leitura. Ele sente que não é nada; é só, inadequado, dependente, impotente e vazio. E na mesma hora brota do fundo de seu coração o tédio, o desanimo, a tristeza, a raiva, o desespero, a aflição...

A grandeza do homem repousa na consciência de ser miserável. Uma vez reconhecido o vazio interior, cria-se um vácuo em que Deus pode entrar. Esse abismo infinito só pode ser preenchido por algo infinito e imutável, ou seja "Deus"".
Pascal


http://www.cuidardoser.com.br/dialogos-sobre-tedio-e-insatisfacao.asp

Bom proveito,

Evandro

quinta-feira, 29 de junho de 2006

Vamos filosofar?

Para que FILOSOFAR? Que diabos tenho que me preocupar em rompar paradigmas se seria muito mais natural a continuidade pacífica dentro deste sistema que "funciona" a tanto tempo? Porque questionar questões espirituais, culturais e existenciais se desde sempre as coisas funcionam assim?

Eu não sei exatamente... mas sei que o fogo que me queima e arde é que me anima a buscar a Verdade por trás das minhas próprias pseudo-verdades e cominho é este, filosofar...

E para aqueles que inciam a melhor busca, segue uma definição do termo e logo abaixo uma interessante manifestação de sua importância para o engrandecimento humano:

"Filosofia do Lat. philosophia <>philosophía, amor ao saber
s. f., ciência geral dos princípios e das causas;
investigação dos princípios essenciais que supõem uma ciência particular;
doutrina filosófica;
razão, sabedoria;
força moral e elevação de espírito com que o Homem se coloca acima dos preconceitos;
amor ao saber."

A IMPORTÂNCIA DA FILOSOFIA

Se abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum for útil; se não se deixar guiar pela submissão às idéias dominantes e aos poderes estabelecidos for útil; se buscar compreender a significação do mundo, da cultura, da história for útil; se conhecer o sentido das criações humanas nas artes, nas ciências e na política for útil; se dar a cada um de nós e à nossa sociedade os meios para serem conscientes de si e de suas ações numa prática que deseja a liberdade e a felicidade para todos for útil, então podemos dizer que a Filosofia é o mais útil de todos os saberes de que os seres humanos são capazes.
Autor: Marilena Chaui







O Co-autor

Fomentado por uma fagulha de consciência, bom de se registrar para verdadeira transparência deste que lhes escreve (e porque a verdade é infalível) que se não fosse meu amigo "J" (vulgo, Adauto), talvez ainda estivesse eu a matutar um nome para este "blog" e nada teria ocorrido...

Ontem tentei vários, mas FELIZMENTE sem qualquer êxito, tentei "transcendência" (inspirado por Leonardo Boff, que fala dela de forma sublime no livro "Tempo de Transcendência"), busquei referências mitológicas, religiosas, históricas, enfim.... quando estava ficando louco, ou melhor... pirado, eis que me socorre o "mestre" do pensamento fortuito, porém legítimo e sugere o "ins-pirado".

O mais interessante é que encaixou como uma luva tal nomenclatura, que vem exatamente de encontro com o "norte" filosófico pretendido neste humilde ensaio literário, pois não existe reforma íntima sem "rompimento" de dogmas e "verdades absolutas", o que é visto para a maioria das pessoas como algo meio "maluco-piração". Porém, se minha inspiração é no sentido de se buscar um retorno à Essência e isto invariavelmente acabe me confrontando com o "mundanismo" social e normótica forma de ver as coisas e a si próprio, que me chamem de louco, maluco, PIRADO - pois como diria meu "Ins-Piradaço" amigo... "faz parte do pacote".

E uma vez feita a justiça, que seja iniciada a temporada de caça a nós mesmos, pois nos encontrando, encontraremos os outros e nesta fabulosa compreensão caminharemos como um Só.



quarta-feira, 28 de junho de 2006

A Continuidade do começo...

Como assíduo leitor de diversos gêneros, principalmente questões existenciais contemporâneas ou não, fato é que a idade vai avançando e algumas "relíquias" acabam se perdendo...

Assim, desde a "grande mutação" existencial que sofri a cerca de 02 anos, resolvi registrar toda a confusão do pensamento humano, claro que com base na minha própria confusão... mas não se assustem, embora "confuso" percebe-se algo muito real, principalmente por se tratar de inspirações conscientes de profundos conhecedores da "alma humana", como Siddharta Gautama, Yves Leloup, Nitsche, entre outros.

Expondo-me procuro verbalizar uma "patologia" que senão saudável ao menos compensatória, pois acredito que a busca da Verdade, arvora-se na tentativa da prática do inconsciente - o imutável em nós - e somente com vossa ajuda e troca de "experiências" será possível angariar elementos para uma integralização com o Todo.

É mais ou menos isto... o resto dirá por si só....