segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

DIGA NÃO ÀS DROGAS

Tudo começou quando eu tinha uns 14 anos e um amigo chegou com aquele papo de "experimenta, depois, quando você quiser, é só parar..." e eu fui na dele. Primeiro ele me ofereceu coisa leve, disse que era de "raiz", "da terra", que não fazia mal, e me deu um inofensivo disco do "Chitãozinho e Xororó" e em seguida um do "Leandro e Leonardo". Achei legal, coisa bem brasileira; mas a parada foi ficando mais pesada, o consumo cada vez mais freqüente, comecei a chamar todo mundo de "Amigo" e acabei comprando pela primeira vez. Lembro que cheguei na loja e pedi:- Me dá um CD do Zezé de Camargo e Luciano. Era o princípio de tudo!
Logo resolvi experimentar algo diferente e ele me ofereceu um CD de Axé. Ele dizia que era para relaxar; sabe, coisa leve... "Banda Eva", "Cheiro de Amor", "Netinho", etc. Com o tempo, meu amigo foi oferecendo coisas piores: "É o Tchan", "Companhia do Pagode", "Asa de Águia" e muito mais.

Após o uso contínuo eu já não queria mais saber de coisas leves, eu queria algo mais pesado, mais desafiador, que me fizesse mexer a bunda como eu nunca havia mexido antes, então, meu "amigo" me deu o que eu queria, um Cd do "Harmonia do Samba". Minha bunda passou a ser o centro da minha vida, minha razão de existir. Eu pensava por ela, respirava por ela, vivia por ela!
Mas, depois de muito tempo de consumo, a droga perde efeito, e você começa a querer cada vez mais, mais, mais... Comecei a freqüentar o submundo e correr atrás das paradas. Foi a partir daí que começou a minha decadência. Fui ao show de encontro dos grupos "Karametade" e "Só pra Contrariar", e até comprei a Caras que tinha o "Rodriguinho" na capa. Quando dei por mim, já estava com o cabelo pintado de loiro, minha mão tinha crescido muito em função do pandeiro, meus polegares já não se mexiam por eu passar o tempo todo fazendo sinais de positivo. Não deu outra: entrei para um grupo de Pagode.

Enquanto vários outros viciados cantavam uma "música" que não dizia nada, eu e mais 12 infelizes dançávamos alguns passinhos ensaiados, sorriamos e fazíamos sinais combinados.
Lembro-me de um dia quando entrei nas lojas Americanas e pedi a coletânea "As Melhores do Molejão". Foi terrível!! Eu já não pensava mais!! Meu senso crítico havia sido dissolvido pelas rimas "miseráveis" e letras pouco arrojadas. Meu cérebro estava travado, não pensava em mais nada. Mas a fase negra ainda estava por vir.

Cheguei ao fundo do poço, no limiar da condição humana, quando comecei a escutar "Popozudas", "Bondes", "Tigrões", "Motinhas" e "Tapinhas". Comecei a ter delírios, a dizer coisas sem sentido. Quando saia a noite para as festas pedia tapas na cara e fazia gestos obscenos. Fui cercado por outros drogados, usuários das drogas mais estranhas; uns nobres queriam me mostrar o "caminho das pedras", outros extremistas preferiam o "caminho dos templos".

Minha fraqueza era tanta que estive próximo de sucumbir aos radicais e ser dominado pela droga mais poderosa do mercado: a droga limpa.

Hoje estou internado em uma clínica. Meus verdadeiros amigos fizeram a única coisa que poderiam ter feito por mim. Meu tratamento está sendo muito duro: doses cavalares de Rock, MPB, Progressivo e Blues. Mas o meu médico falou que é possível que tenham que recorrer ao Jazz e até mesmo a Mozart e Bach.

Queria aproveitar a oportunidade e aconselhar as pessoas a não se entregarem a esse tipo de droga. Os traficantes só pensam no dinheiro. Eles não se preocupam com a sua saúde, por isso tapam sua visão para as coisas boas e te oferecem drogas. Se você não reagir, vai acabar drogado: alienado, inculto, manobrável, consumível, descartável e distante; vai perder as referências e definhar mentalmente.

Em vez de encher a cabeça com porcaria, pratique esportes e, na dúvida, se não puder distinguir o que é droga ou não, faça o seguinte:

1. Não ligue a TV no Domingo a tarde;
2. Não escute nada que venha de Goiânia ou do Interior de São Paulo;
3. Não entre em carros com adesivos "Fui ... "
4. Se te oferecerem um CD, procure saber se o suspeito foi ao programa da Hebe ou se apareceu no Sabadão do Gugu;
5. Mulheres gritando histericamente é outro indício;
6. Não compre nenhum CD que tenha mais de 6 pessoas na capa;
7. Não vá a shows em que os suspeitos façam gestos ensaiados;
8. Não compre nenhum CD que a capa tenha nuvens ao fundo;
9. Não compre qualquer CD que tenha vendido mais de 1 milhão de cópias no Brasil;
10. Não escute nada que o autor não consiga uma concordância verbal mínima.
Mas, principalmente, duvide de tudo e de todos.
A vida é bela! Eu sei que você consegue! Diga não às drogas!
Luiz Fernando Veríssimo

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Uma visão desmascarada da Realidade

Jacareí, 29 de setembro de 2008.

Aguma coisa sempre estará acontecendo no universo dos fatos. O tempo todo esta "coisa" age, de forma incompreensivelmente harmônica, mas age.

Impossível antever suas ações, seus mais intrigados motivos, mas pela natureza das coisas e tendências inevitáveis, vislumbramos certos horizontes possíveis, não chegando isto a ser um pecado mortal (talvez quase isto).

É meio óbvio que o futuro se apresente como um icógnita indecifrável. Mas acredito que algum controle, ou melhor, alguma percepção real pode ser possível, e se resume no livre-arbítrio, uma possibilidade de dependermos mais de nós mesmos, através de uma postura diferente frente à Vida.

Falo daquela situação que nós sabemos que precisa se resolver um dia, da obviedade existente no íntimo de cada um, de que certas escolhas e ações perdem o sentido logo na medida que insistimos, forçamos, ao invés de reconhecer ali possíveis e frutíferas sementes de Vida/Verdade.

Mas as vozes do Destino não se calam somente quando deixamos de reconhecer seus recados, porque embora a sussuros, age sem pressa, calmamente e sem alarde recolhe os restos que deixamos e reprocessam a si mesmo, novos cânticos a serem cantados nesta imensa Roda Gigante alucinante de nascimentos e mortes.

Um dos caminhos para tal melhor conduta do destino, acredito iniciar-se na descoberta do que invariavelmente é efêmero e superficial, carnal e passageiro. Tal possibilidade pode consistir em si a premissa primeira para efetivo cumprimento de nossas possibilidades mais Divinas.

Agora com maior capacidade, venho me convencendo do quão alucinado permaneci vivendo numa louca projeção mental (ofuscando sempre a melhor realidade), projeção esta embasada tão somente pelas minhas próprias carências, buscas, fadada ao fracasso existencial e desperdício de uma vitalidade que poderia ser infinitamente mais útil.

Até então me subjuguei demasiado, sucumbi a prazeres e vícios, também colhi toda sorte de acontecimentos frutos desta febre, por não ter até agora me dado a chance de perceber na passagem da minha vida, ela própria passando... sem complicações, simples e verdadeiramente feliz, porém até então inalcançável pelas minhas doenças d'alma, sem expectativas.

Cego entre cegos.

Mas basta. Vou contar de outra coisa, contar da postura prática e infalível da verdade por si só.

Seja o que for, além de nossa mente e todo o mundo que se criou a partir daí, existe uma realidade incomensurável, intocável, alavancada pela Natureza e para seu próprio e justo desfecho, para sua continuidade Universal.

Deste ponto, desta máxima de que tudo existe e nada existe ao mesmo tempo, as ações livres desta prisão coletiva, tendem a começar a ser guidas por outras forças, frutos da nossa própria Racionalidade, que uma vez libertada desta hipnose coletiva, começa a dar os primeiros passos rumo a horizontes mais longos.

Mas confessada minha próxima intenção (de ficar cada vez mais louco ainda, rsrs...), encerro esta primeira introdução, ao que poderá a ser, quem sabe um dia, um esboço de alguma estória mais concreta e paupável, por enquanto... vou deixando a vida correr...


Evandro Gomes Batista

sexta-feira, 22 de agosto de 2008


Desencanto?

Correndo no pé apressado,
atrás da caminho perdido,
me tombo o corpo cansado,
no leito assaz dividido.

E no sono acabado de pouco,
os cantos me correm no olho
e encontram na mente do louco
a idéia na qual me recolho,

de que nada em si consiste,
além do instante presente
felicidade ou tristeza.
De modo que represente
motivo que de tanta torpeza...

Mas me ataco de fúria e torpor
pela pequenez do Saber...
E por ainda querer o sabor
Daquilo que não se deve querer

qual ócio inerte e pesado
o sentimento penetra a raiz...
e a alma deste atrasado
perde sua mola motriz...

perde a gana que nega,
perde a vida eterna
ganha alguns metros de ruga
qual viciado em taberna.

E no fim do desatino
com a face fitando a jornada
Paro na beira do abismo
e sinto a minha presença...
o tudo e o nada.



Evandro Gomes Batista

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Por favor, largue essa banana!!!

Uma antiga tribo africana utiliza um método bastante curioso para capturar macacos que vivem nos galhos mais altos das árvores. O sistema é o seguinte: os nativos pegam um recipiente de boca estreita, colocam uma banana dentro, amarram-no ao tronco de uma árvore e afastam-se.

Quando eles saem, um macaco curiodo desce, olha dentro da cabaça e vê a banana. Enfia a mão e apanha a fruta, mas como a boca do recipiente é muito estreita ele não consegue tirar a banana. Surge o dilema; se largar a banana, sua mão sai, e ele pode ir embora livremente; caso contrário, continua preso na armadilha.

Após algum tempo, os nativos voltam e capturam sem dificuldade os macacos teimosos que se recusaram a largar as bananas. O final é trágico, pois eles são caçados para serem comidos.

Você deve achar absurdo o grau de estupidez destes macacos; afinal, basta largar a banana e ficar livre do destino de ir para a panela. Fácil demais, não é?

O problema deve estar no valor exagerado que o macaco atribui à sua conquista. A banana já está ali, na sua mão. Parece ser uma insanidade largá-la e ir embora.

Achei a história engraçada, porque muitas vezes fazemos exatamente como esses macacos. Ou você não conhece ninguém que está insatisfeito com o emprego, mas permanece lá, mesmo sabendo que está cultivando um infarto? Ou casais com relacionamentos completamente deteriorados que insistem em ficar sofrendo? Ou pessoas infelizes por causa de decisões antigas que continuam adiando um novo caminho que trará de volta a alegria de viver? Somos ou não como os macacos?

A vida é preciosa demais para trocarmos por uma banana que, apesar de estar em nossa mão, pode nos levar direto à panela.

(Roberto Lopes, do livro "O livro da Bruxa", pg. 89/90, ed. ARX)

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

NOTA PÓSTUMA

Minha gente, para aqueles que me conhecem, ou conheceram algum Evandro, que na verdade não é mais aquele de outrora, venho me apresentar... sou o Evandro.
Poderia falar bastante sobre mim, mas não sobre o "mim hoje", pois existe um tal de Evandro de sobrenome "Ontem", morto muito recentemente, que acaba por me reter as palavras, tamanho o cheiro ruim que ainda provém da sua mente nauseabunda, que ainda teima em não acompanhar ao caixão do peito, aquele sorriso que já morreu, do Evandro que não existe mais.
Assim, também por respeito ao que ele foi, acreditou e conjeturou, e toda a carga pesada que aquele ombro carregou nos últimos 12 meses, falar de mim seria inócuo, pouco ou nada, pois nasci faz pouco tempo e ao abrir os olhos só enxerguei uma herança de "joio", um joio podre e nojento, revestido de traição, ciumes, inveja e toda espécie de sordidez humana.
Mas nos primeiro sinais de "trigo", anunciarei acertadamente esta primeira colheita e a repartirei com meus verdadeiros amigos, mas deixem eu primeiro limpar esta sujeira toda...
Deixo uma constante prece para o defunto, reconhecendo sua luta por uma profunda e incompreensível ilusão, o que embora não encha ninguém de orgulho, ao menos nos serviu de exemplo do perigo da vida e o caos que mormente acompanham o inconsciente das pessoas.

Foi um prazer conhecer-lhes,


Evandro