sexta-feira, 22 de agosto de 2008


Desencanto?

Correndo no pé apressado,
atrás da caminho perdido,
me tombo o corpo cansado,
no leito assaz dividido.

E no sono acabado de pouco,
os cantos me correm no olho
e encontram na mente do louco
a idéia na qual me recolho,

de que nada em si consiste,
além do instante presente
felicidade ou tristeza.
De modo que represente
motivo que de tanta torpeza...

Mas me ataco de fúria e torpor
pela pequenez do Saber...
E por ainda querer o sabor
Daquilo que não se deve querer

qual ócio inerte e pesado
o sentimento penetra a raiz...
e a alma deste atrasado
perde sua mola motriz...

perde a gana que nega,
perde a vida eterna
ganha alguns metros de ruga
qual viciado em taberna.

E no fim do desatino
com a face fitando a jornada
Paro na beira do abismo
e sinto a minha presença...
o tudo e o nada.



Evandro Gomes Batista

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Por favor, largue essa banana!!!

Uma antiga tribo africana utiliza um método bastante curioso para capturar macacos que vivem nos galhos mais altos das árvores. O sistema é o seguinte: os nativos pegam um recipiente de boca estreita, colocam uma banana dentro, amarram-no ao tronco de uma árvore e afastam-se.

Quando eles saem, um macaco curiodo desce, olha dentro da cabaça e vê a banana. Enfia a mão e apanha a fruta, mas como a boca do recipiente é muito estreita ele não consegue tirar a banana. Surge o dilema; se largar a banana, sua mão sai, e ele pode ir embora livremente; caso contrário, continua preso na armadilha.

Após algum tempo, os nativos voltam e capturam sem dificuldade os macacos teimosos que se recusaram a largar as bananas. O final é trágico, pois eles são caçados para serem comidos.

Você deve achar absurdo o grau de estupidez destes macacos; afinal, basta largar a banana e ficar livre do destino de ir para a panela. Fácil demais, não é?

O problema deve estar no valor exagerado que o macaco atribui à sua conquista. A banana já está ali, na sua mão. Parece ser uma insanidade largá-la e ir embora.

Achei a história engraçada, porque muitas vezes fazemos exatamente como esses macacos. Ou você não conhece ninguém que está insatisfeito com o emprego, mas permanece lá, mesmo sabendo que está cultivando um infarto? Ou casais com relacionamentos completamente deteriorados que insistem em ficar sofrendo? Ou pessoas infelizes por causa de decisões antigas que continuam adiando um novo caminho que trará de volta a alegria de viver? Somos ou não como os macacos?

A vida é preciosa demais para trocarmos por uma banana que, apesar de estar em nossa mão, pode nos levar direto à panela.

(Roberto Lopes, do livro "O livro da Bruxa", pg. 89/90, ed. ARX)

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

NOTA PÓSTUMA

Minha gente, para aqueles que me conhecem, ou conheceram algum Evandro, que na verdade não é mais aquele de outrora, venho me apresentar... sou o Evandro.
Poderia falar bastante sobre mim, mas não sobre o "mim hoje", pois existe um tal de Evandro de sobrenome "Ontem", morto muito recentemente, que acaba por me reter as palavras, tamanho o cheiro ruim que ainda provém da sua mente nauseabunda, que ainda teima em não acompanhar ao caixão do peito, aquele sorriso que já morreu, do Evandro que não existe mais.
Assim, também por respeito ao que ele foi, acreditou e conjeturou, e toda a carga pesada que aquele ombro carregou nos últimos 12 meses, falar de mim seria inócuo, pouco ou nada, pois nasci faz pouco tempo e ao abrir os olhos só enxerguei uma herança de "joio", um joio podre e nojento, revestido de traição, ciumes, inveja e toda espécie de sordidez humana.
Mas nos primeiro sinais de "trigo", anunciarei acertadamente esta primeira colheita e a repartirei com meus verdadeiros amigos, mas deixem eu primeiro limpar esta sujeira toda...
Deixo uma constante prece para o defunto, reconhecendo sua luta por uma profunda e incompreensível ilusão, o que embora não encha ninguém de orgulho, ao menos nos serviu de exemplo do perigo da vida e o caos que mormente acompanham o inconsciente das pessoas.

Foi um prazer conhecer-lhes,


Evandro