quinta-feira, 30 de novembro de 2006

Surpresas da Vida

E novembro foi passando, passando... coisas aconteceram, coisas externas e internas, mas aconteceram e foram determinantes para um novo "norte" na minha vida.

Dezembro também veio e passou, particularmente neste mês, cuidei de assimilar tão relevantes e impressionantes mudanças pessoais, decorrentes de um fato novo, porém com reflexos de um passado... que hoje posso afirmar que de fato sou "joguete do destino", graças a Deus.

Mas ao contrário da frase "Shakesperiana" que manifesta dentro do drama não só um conformismo, mas também uma certa desilusão e impotência, a cada dia sinto maior segurança em considerar o Destino como algo realmente tendencioso à evolução e melhora da vida humana.

Fato é que no desenrolar destes meses, em novembro particularmente, um fator meramente físico (que foi o fato de ter ficado sem condução... tive que mandar arrumar o motor da moto) veio a contribuir significativamente para uma intropescção e solidão realmente necessárias e que nos últimos meses não vinha experimentando. Este isolamento fez com que pudesse considerar com maior propriedade qual energia realmente estava me motivando - e a energia não era só minha, era muito mais alheia às minhas reais intenções e meus melhores desejos Existenciais. Em suma, sentia uma motivação mais mundana do que Divina.

Posso afirmar que antes disto acontecer, estava "conscientemente" pagando para ver, por uma situação que sabia ser necessário investigar a fundo, embora soubesse de alguma forma ser demasiadamente transitória. E a Providência deu seu jeito de me dar o basta necessário.

Tais mudanças de comportamento me ajudaram a resgatar uma sobriedade maior, embora o preço para tanto fosse experimentar novamente uma solidão, que por mais temporária que seja, sempre traz fortes lições de auto-busca e te faz pensar na finalidade das coisas, da vida, enfim... nos faz mergulhar dentro de nós mesmos, e nem sempre é fácil se perceber tão nítido.

Mas o grande barato de se acreditar no futuro de forma otimista, e até mesmo realista (já que a transitoriedade da vida só ocorre em razão de uma evolução ascendente, quer pareça, quer não) é que facilmente se pode alterar o rumo da própria vida, porém com mais propriedade de ação.

Vou tentar explicar melhor com os fatos ocorridos:

Perto do dia 16 de novembro do ano passado, recebi um email de uma pessoa pela qual sempre nutri uma espécie de amor incondicional e um bem-querer desvinculado de qualquer coisa em troca, como nunca dantes experimentado nesta vida. Neste email ela comentou o delicado estado de saúde de sua mãe e algumas novidades, já que fazia cerca de 10 anos que não conversávamos de verdade.

Atente-se que nesta época, eu já estava bem incomodado com um envolvimento sentimental e amoroso, cujo "bum" sempre demandava de algo, talvez de algo que nunca fosse existir...

Porém, sem qualquer forte convencimento, senti que estava na hora de dar alguns bastas no meu modo de vida, principalmente no âmbito sentimental. Aquele simples contato virtual me deu um "clique" e no mesmo dia "rompi" um morno relacionamento... sentindo-me muito bem com isto.

Novamente encontrava-me no estado de solidão que muito já estive, porém mais cônscio de que algo tinha mudado de fato dentro de mim, a experiência desértica deste período em que fiquei sem condução, fez florescer após alguns ajustes mentais uma satisfação comigo mesmo e uma sensação louca de começar a praticar toda a Sabedoria experimentada em livros e mais livros, como que para usufruir realmente da experiência humana/Divina. Afinal, porque não?

Bem, com esta disposição e liberdade da alma, vim a me encontrar com esta pessoa no dia 18/11/06. Sentei-me no café e fiquei a aguardar, até que ela apareceu, juntamente com sua filhinha, e naquele exato momento pude compreender como num "flash" o porque das minhas últimas ações e daquela ansiosa, porém tranquila espera pelo o que o Destino me tinha preservado.

Na contemplação daquele Ser tão amado e querido, concretizou-se a prova da bem-aventurança, e de que o amor, quando incondicional e verdadeiro (livre de qualquer regramento social ou mental), é o verdadeiro alimento pessoal a permitir uma vida livre dos angustiantes sentimentos do Ego, ame-se por amar.

A amor sem nada em troca, se promove e se recompensa no instante imediato de sua percepção, não depende de fatos externos - só de cada um de nós.

E foi assim, que me deslumbrei novamente com a Vida e suas surpresas, mergulhando novamente neste vasto oceano de um relacionamento, porém com mais compaixão, compreensão e bem menos carência ou anseios.

Confesso que até o presente momento, fiquei meio relapso, tanto na escrita quanto na leitura... foi um período de se provar certos aprendizados e de treinamento prático da mente - que diga-se de passagem, benéficos.

Mas voltei, talvez com a mesma receita filosófica de outrora, porém com paladar mais apurado para saborear este banquete da Vida, pois insaciável que sou, somam-se novos ingredientes a cada novo amanhecer.

Agradecimentos especiais a esta pessoa, pois no momento do seu olhar, fez valer na prática da Vida o amor que corria morimbundo e solitário, mas que através do seu reflexo, revigorou-se na plenitude de sua incondicionalidade.

Salve.

Evandro, 12/01/2007.