segunda-feira, 18 de setembro de 2006

Por quem me tomas...

Me assusta esta gigantesca facilidade e tendência humana em julgar, mesmo em prejuízo próprio, um único fato isolado, como a Verdade das verdades.

Desde ontem a noite, quando me surpreendi com uma situação familiar de questionamentos sobre minha conduta, aliás, questionamentos não, pois ninguém veio me perguntar o porque disto ou daquilo, simplesmente foi manifestada uma superficialidade de sentimento equivocado por sua própria base, ainda mais considerando a pessoa envolvida.

Mas ao contrário do que se poderia esperar, afinal o Evandro é tão filósofo e por vezes céptico... claro que uma pontada de "será que eles têm razão?" sempre fica... e isto é salutar e maravilhoso, desde que seja na medida cuidadosa e exata para não mergulharmos de cabeça na psicose alheia, perdendo-se a linha Racional e objetiva do Ser e daí entrar novamente no rebanho humano.

E com estas considerações, vendo-se no contexto e fora dele, bebendo da mesma água da vida, mas de fontes distintas, é que as melhores soluções aparecem. Inclusive, reconhecendo-se a razão do próximo, filtrando mágoas, orgulho e a vaidade do Ego, que no primeiro afasta uma melhor análise, pois este (o ego) quer se manifestar egoisticamente no domínio da situação, desconsiderando e condenando qualquer argumento que o abale, por mais racional e inteligente que seja.

Importante considerar que o auto-engano (coletivo ou individual) é assim como imã poderoso, que consegue puxar em nós, toda a segurança da normalidade esperada, e de tal forma que somente a forte e sincera reflexão e busca se mostram eficientes, tal como um antídoto, que dissipa o sentimento superficial sentido, conservando porém gravada a origem do que se eliminou.

Mas enfim, filosofia à parte, fato é que senti mágoa e dor, refleti, digeri e somente tenho a agradecer tamanha oportunidade que hoje sinto em tomar em cada atitude humana uma grande lição de vida e encontro de mim mesmo. Pois como diriam os Essênios, todos são seu mestre.

Finalizando, vale a pena deixar a resposta da Natureza que veio logo pela manhã quando abri meu email e tinha esta pérola que abaixo segue:

"COMO ME TORNEI LOUCO

Perguntais-me como me tornei louco.

Aconteceu assim:

um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido, despertei de um sono profundo e notei todas as minhas máscaras tinham sido roubadas - as sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas - e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente, gritando:

"Ladrões, ladrões, malditos ladrões!"

Homens e mulheres riram de mim e alguns correram para casa, com medo de mim. E quando cheguei à praça do mercado, um garoto trepado no telhado de uma casa gritou:

- "É um louco!"

Olhei para cima para vê-lo.

O sol beijou pela primeira vez minha face nua. Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua, e minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei mais minhas máscaras. E, como num transe, gritei:

"Benditos, benditos os ladrões que roubaram minhas máscaras!"

Assim me tornei louco. E encontrei tanto liberdade como segurança em minha loucura: e a segurança de não ser compreendido, pois aquele desigual que nos compreende escraviza alguma coisa em nós."

Autor: Gibran Khalil Gibran

3 comentários:

Anônimo disse...

Gibran, doces verdades...A grande revelação pode vir de uma extrema dor...E do poder de deixa-la!
Adonai

Anônimo disse...

Talvez o único fator constante na humanidade seja, de fato, sua própria inconstância. E, na minha opinião, é isso que realmente torna a vida interessante de ser vivida, pois a todo momento nos deparamos com situações inesperadas, mais em função da diversidade do comportamento humano, que da ocorrência de fatos imprevisíveis em si. E tentar lidar com isso é que nos afia e faz crescer.

Evandro disse...

É verdade meus caros amigos, interessante que na verdade é justamente esta agrende questão para iniciarmos uma libertação do espírito, compreender e aceitar a "diversidade do comportamento humano" - que mormente está desvinculado (embora sempre esteja na essência mais ofuscada do Ser) do que seria o COMPORTAMENTO DIVINO, ou seja, o filho imitando o pai, o que cá entre nós, é a coisa mais natural do mundo.