segunda-feira, 10 de julho de 2006

"Meu final-de-semana..."



Não se assustem, sei que parece início de redação do primeiro grau, mas na verdade é só uma tentativa de mostrar minha experiência na prática de elementos filosóficos que, uma vez extraídos das páginas dos livros, somente vêm aflorar definitivamente na vida prática - e se assim não fosse... qual seria sua finalidade?

É engraçado e não sei se acontece esta tendência com a maioria das pessoas, mas dependendo do conhecimento, inclusive os mais elevados, me sinto como um expectador de algo pouco tangível, porém sabido que verdadeiro e lógico.

Daí comecei a questionar até que ponto o conhecimento de si mesmo pode ser praticado em toda sua extenção e requisitos, haja vista que na maioria das ações humanas já nos deparamos com toda uma "gama" de "verdades" sociais e culturais previamente definidas e incultidas no âmago no nosso ser, não importanto sua constante superficialidade, somos muito sensíveis aos sentimentos do dia-a-dia, indignação, raiva, ódio - sem racionalizarmos sobre isto, porque tem que ser assim.

Bom ressaltar que estou focando uma outra questão inerente à filosofia, distinta daquela objeto do texto anterior, onde na verdade chamo a atenção para a possibilidade comum de, uma vez controlada a mente, agirmos ou sentirmos com a melhor profundeza, fruto do alcance de nós mesmos, safando-se assim da sutil invasão de energias menos elevadas e conturbadoras do nosso próprio equilíbrio.

Mas quando compreendemos e assimilamos todo o contexto íntimo, passamos a querer praticar a filosofia, não de forma intríseca, mas com maior propriedade, nos relacionando com o mundo, com possibilidades de transformá-lo.

É uma ambição saudável, buscar no próximo a validação da "verdade" pessoal, como meio, inclusive, de se promover novas reformar íntimas e adaptar o mundano/social com nossa verdadeira natureza humana/Divina.

E de quantas coisas na verdade nos libertamos...

Neste final-de-semana, fiquei com meu filhinho, o Vinicius, que está com 2 anos e 7 meses. E olhando para ele brincando com seus Batmans, Robins e Power Ranger (azul, diga-se de passagem - é o preferido dele) comecei a relembrar a explanação contida no livro "O Profeta" do fenomenal Khalil Gibran, que sintetiza de forma Divina a melhor compreensão do papel dos pais na formação filosófica dos filhos. E isto é salutar.

A grosso modo, embora sempre tenha nutrido uma certa repulsa pelas tão palpáveis distorções de valores na nossa sociedade, naquele momento de contemplação e admiração pelo milagre que é um bebê e toda a gama de possibilidades de se impigir nossas equivocadas verdades, comecei a pensar no que ele realmente precisaria para ter uma iniciação filosófica calcada na natureza das coisas... e entendi, eu é quem tenho que aprender com ele.

Muito natural para mim, atualmente, pois ele não está maculado, ele, embora não tenha a verbalização inerente da interpretação do mundo que está a investigar, ao mesmo tempo é possível ver em seu sorriso, nos olhos e no próprio fato de sua própria existência, a prova do Amor incondicional, através da simplicidade e força com que tal energia, ainda pura e sem vícios se manifesta ao observador atento.

Pois embora meu filho "não conheça nada" sente e vivencia em si, exatamente, o mais autêntico equilíbrio entre o humano e o Divino, pois ainda não teve (ao menos de forma definitiva) uma implicância de valores mais próprios do humano-bixo, com seus medos, sentimentos conturbados e mente intranqüila.

É mais ou menos assim... ele quer por exemplo comer, não se preocupa com quem vai dar, se tem dinheiro, se é saudável, se vai sobrar para a janta... enfim, a natureza do bebê é ser alimentado e cuidado pelos pais - e nós fazemos isto, não fazemos??? Cuidamos, limpamos, acolhemos, etc.

Fugindo da parte material da existência, também é da natureza do homem, a confiança, o equilíbrio, a paz e a simplicidade dos prazeres, pois uma vez satisfeitas as necessidades básicas - e só elas - o resto do tempo é para que?! para brincar de viver. Meu filho não precisa do último brinquedo lançado pelo Mc Donald's, só porque é do filminho da moda para ser feliz (da mesma forma que o banco de couro do carro zero como elementar para a verdadeira felicidade é um grande equívoco).

O Vinicius, assim como todos nós, não precisa de nada além do que a manutenção deste Divino Amor Incondicional, pois sua força atua diretamente no coração do homem (e não na mente que é falível), alimentando a alma e corpo com a harmonia própria da confiança que se faz sentir, uma confiança natural e válida para todos nós, como a do meu filho em mim... que quando está com fome, simplesmente olha para mim e fala: "Papai, vamo papá?"

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