segunda-feira, 3 de julho de 2006

Uma melhor análise da primeira análise

Os seres humanos deveriam ter um sistema de alerta toda vez que fossem vítimas da própria torpeza de conhecimento, de modo a se evitar o arbitrário envolvimento sentimental com os fatos que circundam sua vida.

Tal alerta seria altamente importante, pois antes de agir naquele afã sentimental e consequente sofrimento, teríamos uma Consciência (com "C" maiúsculo mesmo) mais efetiva, fosse para dar a relevância merecida para tal fato, fosse para poder relegar e dispensar tão somente a necessária energia para digestão daquilo que, embora amargo, pode ser a cura da alma.

Se eu fosse citar os diálogos que tenho, com variados "tipos" de pessoas, onde verifico que em se aplicando simples "porquês" a vida tornar-se-ia tão mais leve e satisfatória... ficariam impressionados, aliás, da mesma forma que tais pessoas, que após a devida insistência, acabam gaguejando ao buscar uma resposta que nunca pensaram em dar, ou talvez que existisse, fruto de um simples "porquê?"

Numa louca e pessimista interpretação das "verdades" da moderna sociedade humana, poderíamos dizer que já nascemos com os pensamentos e sentimentos prontos, ou você se considera anormal ao sofrer com a perda do título da Copa do Mundo?

Voltando ao "x" da questão, acredito que aquilo que deveria ser óbvio à primeira vista, sempre perde seu tempo de análise, justamente pela motivação normótica do pensamento, que uma vez acionado por energias de baixa vibração, como as provenientes do ciúmes, inveja, medo - frutos naturais da própria história e evolução da espécie (pois o auto-engano chega a ser genético) inicialmente já temos um norte totalmente equivocado para a melhor solução do impasse, afastando o "envolvido" do segundo porém mais precioso momento de investigação, que seria a reflexão e meditação acerca da situação, de forma racional e desvinculada do nosso exacerbado Ego.

Na maioria das vezes, após profunda e sábia análise dos motivos, atos e conseqüências que estão sendo dispostos, percebe-se que as Verdades são bem mais palpáveis e apaziguadoras da alma, quanto mais "sérias" as situações de vida envolvidas.

Numa utopia verdadeiramente realista (e esta contradição linguística será possível um dia...), não por um milagre de Deus, mas SE NÓS FIZERMOS PARA TANTO, em breve estaremos a aplicar a melhor Sabedoria/Racionalidade em todo o agir humano, pois somente indo além da nossa parca "sabedoria", que além de parca é porca e egoística a partir do momento que analisamos tudo sob o ponto de vista do nosso próprio umbigo e trovejadas de sentimentos carmáticos, é que começaremos a ligar os "nós da grende rede" unindo-nos sem qualquer ganância, ambição, luxúria e demais equívocos próprios da superficial satisfação do Ego.

E para finalizar, convidando todos a praticarem tão interessante investigação pessoal antes de se "decidir" (
como se isto fosse possível) pela vivência de "sentimentos" esperados e "naturais", sejam de tristeza ou alegria, deixo o link de interessante texto acerca do bendito Tédio, como exemplificação de que um sentimento do qual tanto fugimos, pode ser na verdade um grande "farol" a orientar a redenção daquilo que é demasiadamente humano, porém pouco Divino - nossos conturbados sentimentos.

E para aqueles mais "preguiçosos", transcrevo abaixo apenas uma das pequenas pérolas do melhor raciocínio humano extraídas do link abaixo... que por certo já será suficiente para demonstrar como uma pequena mudança de ângulo da primeira visão, pode transformar o evitável em desejável:

"Não há nada mais insuportável para o homem do que estar completamente ocioso, sem paixões, ocupações, diversões ou leitura. Ele sente que não é nada; é só, inadequado, dependente, impotente e vazio. E na mesma hora brota do fundo de seu coração o tédio, o desanimo, a tristeza, a raiva, o desespero, a aflição...

A grandeza do homem repousa na consciência de ser miserável. Uma vez reconhecido o vazio interior, cria-se um vácuo em que Deus pode entrar. Esse abismo infinito só pode ser preenchido por algo infinito e imutável, ou seja "Deus"".
Pascal


http://www.cuidardoser.com.br/dialogos-sobre-tedio-e-insatisfacao.asp

Bom proveito,

Evandro

3 comentários:

Anônimo disse...

Obrigada pela diga do precioso site, sugiro a todos a lerem, pois o tédio pode ser o ócio produtivo, ou uma meditação natural, sinal que estamos mais racionais e não apenas aceitando o que nos é empurrado diariamente.

Anônimo disse...

"Tenhais confiança não no mestre, mas no ensinamento.
Tenhais confiança não no ensinamento, mas no espírito das palavras.
Tenhais confiança não na teoria, mas na experiência.
Não creiais em algo simplesmente porque vós ouvistes.
Não creiais nas tradições simplesmente porque elas têm sido mantidas de geração para geração.
Não creiais em algo simplesmente porque foi falado e comentado por muitos.
Não creiais em algo simplesmente porque está escrito em livros sagrados; não creiais no que imaginais, pensando que um Deus vos inspirou.
Não creiais em algo meramente baseado na autoridade de seus mestres e anciãos.
Mas após contemplação e reflexão, quando vós percebeis que algo é conforme ao que é razoável e leva ao que é bom e benéfico tanto para vós quanto para os outros, então o aceiteis e façais disto a base de sua vida."

Gautama Buddha - Kalama Sutra

Anônimo disse...

No tocante a questionamentos a serem utilizados em uma auto-análise, interessante citar as "perguntas da retórica", encontradas uma célebre quadra de Kipling (traduzido do castelhano):

"Sei de seis homens honestos
Que me ensinam o que eu sei,
Chamam-se: Que, Onde, Quando,
Como, Quem e Por que."