quinta-feira, 19 de outubro de 2006

Lembrança Amorosa

Salve minha avozinha querida,

cuja lembrança serena
com cheirinho de pamonha
e achados do impossível,
foi a prova viva
de garra, força e
Amor inverossímel.

E aqui no peito
onde o mundo se guarda,
para sempre ficará escrito
o nome de minha avó amada,
a saudosa Dona Guaraciaba...

(Evandro, 09/10/06)

2 comentários:

Anônimo disse...

O termo "com cheirinho de pamonha" dá bem a noção...

Apesar de a morte ser uma das poucas certezas de nossa vida, normalmente (até mesmo por egoísmo nosso) entristecemo-nos com a passagem de quem gostamos. É natural. É humano.

Porém, sou da opinião que temos mais é que guardar de forma bem viva na memória os bons momentos, para que possamos compartilhar com quem não conheceu aqueles que se foram: quer porque sejam muito novos para se lembrar, quer porque tenham chegado após sua partida.

Assim, algum dia, até com uma pontinha de saudade, será possível contar-lhes como eram essas pessoas, suas aventuras e desventuras nessa vida atribulada, e até mesmo explicar-lhes que tinham um "cheirinho de pamonha"...

Anônimo disse...

Lembranças nunca devem perder seu espaço para coisas mundanas, coisas que vem e passam rapidamente para, talvez, nunca mais voltar.

Por enquanto ainda tenho minha vózinha, mas às vezes acho que ela não se lembra mais que tem sua família. Fica com seus olhos perdidos em algum lugar, observando sozinha, mesmo com os olhos fechados, crianças e pássaros que não existem, ou costurando a roupa puída que seu filho mais velho irá usar para ir à escola. Ela não se lembra mais, ou não sabe, que esse filho não está mais neste mundo.

Mas sabe, Evdro, são incontáveis as vezes que me pego notando uma atitude só sua, um olhar só seu ou uma frase de sabedoria que só ela poderia proferir naquele momento.

Sei que um dia, talvez muito breve, ela não estará mais fisicamente conosco, mas tudo que é dela vai ficar, como um pedaço já integrado em nosso ser.

Minha avó tinha cheiro de terra, de arroz refogado, de franguinho de panela... Hoje ela tem cheiro de talquinho, de perfume de bebê. Virou nosso bebezinho.

Mas no dia que ela se for, uma lembrança que eu jamais vou esquecer (talvez por ter sido um dos momentos mais gratificantes de minha vida), foi no dia do meu casamento, quando eu entrava na igreja. Ela estava lá, sentadinha em sua cadeira de rodas, não entendendo nada do que estava acontecendo. Quando passei por ela dei uma paradinha. Ela abriu seus olhinhos azuis para mim e sorriu. Um sorriso tão doce, tão feliz, que não poderia ser mais lindo.

Essas são lembranças, são bens infungíveis, fazem parte daquilo que compõe nosso ser e contribuem sempre para sermos aquilo que realmente somos.

Tenha certeza que Dona Guaraciaba deve ter muito orgulho de você e de tudo aquilo que você já proporcionou à ela. Inclusive esta mensagem linda, que deve estar lhe fazendo muito feliz...