segunda-feira, 21 de agosto de 2006

Me esquecer de mim...

Oh destino que tão mansamente se desdobra em minha face, que quietude tão gritante me assusta a alma viciada?

Será a transgressão do paupável, estimulante para o regresso do vazio? O regresso à passiva intregração com o que sobra, o Imutável, completo e assim... tão simples???

Até a própria visão funesta do incerto, dos riscos, decaem desta forma se dissolvendo no espaço do infinito?

Talvez toda solicitude da vida, realmente seja o caminho da complementação do que se foi? A ponte que nos liga a nós mesmos?

Seria a benevolência humana o completo desvendar do conteúdo único que nos compõem?

Me esquecer de mim... reconhecendo o sentimento falível com pretenções de libertação, utilizando-o, ou melhor, vivenciando-o com a consciência de sua mutabilidade, inconstância e superficialidade, considerando seus motivos e sua oportunidade.

quinta-feira, 10 de agosto de 2006

"Humano, demasiado humano"

Outro dia, conversando calorosamente com uma amiga sobre a reiterada questão de se praticar filosofia no dia-a-dia, como único meio libertador para uma vida harmônica e fulcrada nas reais essências da espécie humana, uma questão me chamou muito a atenção.

Num momento da conversa ela me perguntou como vivenciar uma filosofia libertatória como a do Budismo, num mundo tão capitalista e material, onde se "correr o bixo pega se ficar o bixo come". Foi mais ou menos assim: "então devemos largar mão de tudo, jogar pro alto e viver a vida?"

Racionalizando a questão, concluí, posteriormente, que se largarmos tudo para viver na concepção transcendental, estaríamos enveredando numa única margem do caminho, pois enquanto encarnados, outra corrente natural e forte nos tangencia para a margem oposta, criando o equilíbrio necessário para melhor compreendermos do nosso papel no mundo como ele é, para que o transformemos. Afinal... "Ide e pregai".

Na verdade, tenho concluído (como se isto fosse possível e saudável, concluir) que a filosofia somente contribui para a busca da Sabedoria, crescimento e difusão, se pareadas com as demais "energias" mundanas, como contra-senso a ser estirpado pelo animal-racional.

Na minha parca concepção, quanto mais me certifico da transitoriedade deste mundo fenomênico (ou material, ou ilusório...) mais me interesso em investigar as nuances dos porquês de tanto "desequilíbrio" e "sofrimento", bem como de tantas "alegrias" e "felicidades", se tudo partiu de uma única energiar vital/Divina, que na verdade permanecerá assim, independentemente até mesmo da nossa própria "vida".

Bem, para não correr o risco de ser mais prolixo ainda, vou encerrando este ensaio, cujo título, aliás, é plágio do livro de Nietzsche, transcrevendo uma pequena amostra deste gênio filosófico, que em muito transmite o modo como venho sentindo a vida:

"No curso de uma formação superior tudo se torna interessante para o hmem, ele sabe ver rapidamente o lado instrutivo de uma coisa e indicar o ponto em que, utilizando-a, pode completar uma lacuna de seu pensamento ou confirmar uma idéia. Assim é afastado cada vez mais o tédio, e também a excessiva sensibilidade emocional. Por fim ele anda entre os homens como um naturalista entre as plantas, e percebe a si mesmo como um fenômeno que estimula fortemente o seu impulso de conhecer".